Pesquisadoras da UNIR estudam coinfecção por tuberculose e HIV em pessoas em situação de rua em Porto Velho


Publicado em: 25/08/2022 15:05:58


De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil está entre os países com a maior carga de tuberculose (TB) no mundo, um problema de saúde pública que ocasiona, anualmente, milhares de óbitos no país. É um problema que afeta principalmente a população em situação de rua (PSR) que, dada sua vulnerabilidade, possui um risco de adoecimento elevado. Estas, entre outras condições, tornam mais difíceis o acompanhamento de casos e a possibilidade de um tratamento adequado da doença. Além disso, pesquisadoras da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) investigam também, em artigo, a associação entre PSR e a coinfecção por TB e HIV.

O tema é abordado no artigo “População em situação de rua: perfil dos casos de coinfecção tuberculose e HIV”, publicado na Revista Enfermagem Contemporânea (REC) pela professora Nathalia Halax Orfão, docente do curso de Enfermagem da UNIR, em coautoria com Kamila Maria da Silva, discente de Enfermagem da UNIR; Melisane Regina Lima Ferreira, especialista em Saúde Pública pela UNIR; e Maria Eugenia Firmino Brunello, professora da Faculdade de Tecnologia em Saúde (Fatesa).

A coinfecção ocorre quando dois vírus agem ao mesmo tempo no organismo. De acordo com o estudo, diante do diagnóstico da tuberculose em pessoas em situação de rua, deve ser feito também o rastreamento de HIV, uma vez que o comprometimento do sistema imunológico eleva o risco de adoecimento, e a TB, por se caracterizar como uma doença oportunista, é a que mais causa óbitos nessas populações.

O estudo analisou o perfil das pessoas vivendo em situação de rua coinfectadas com TB/HIV em Porto Velho-RO, no período de 2015 a 2018, e constatou que 100% dos casos registrados de tuberculose nesta população possuíam também o diagnóstico de Aids, estágio mais avançado do HIV.

Segundo a pesquisa, os principais obstáculos encontrados pela população em situação de rua no enfrentamento da tuberculose estão relacionados à dificuldade no acesso aos serviços de saúde e o retardo no diagnóstico e início do tratamento.

No estudo também foram evidenciadas fragilidades na totalidade dos dados registrados por órgãos oficiais. A não atualização dos dados oficiais e a ausência de pesquisas, informações apuradas e estudos sobre a população em situação de rua são fatores que afetam diretamente o conhecimento sobre a real magnitude do problema entre a população em situação de rua e a coinfecção pela tuberculose/HIV.

“Torna-se essencial rever as estratégias de acesso aos serviços e ações ofertadas para atender as demandas de saúde da população em situação de rua, voltadas para ambos os agravos. Do ponto de vista social, este estudo possui implicações para a saúde pública que perpassam o enfoque das iniquidades e dos determinantes sociais de saúde, uma vez que a população em situação de rua possui demandas específicas, as quais devem ser consideradas, especialmente em relação ao acesso aos serviços e ações de saúde ofertadas” afirmam as autoras.

O estudo também foi tema de um vídeo produzido pelo Grupo de Pesquisa em Mídias Digitais e Internet (MíDI) da UNIR, que faz divulgação científica.

 

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