Educação, Direitos Humanos e Geografia Agrária são destaque


Publicado em: 03/08/2023 17:20:12

Acadêmicos, pesquisadores e ativistas sociais indígenas, extrativistas e camponeses integram a discussão


Até sexta-feira, dia 4 de agosto, está sendo realizado no Teatro Banzeiros, em Porto Velho, o Simpósio Territorialidades Amazônicas: Educação, Direitos Humanos e Geografia Agrária em Questão. O objetivo evento, promovido pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), é reunir a comunidade acadêmica, pesquisadores, profissionais da educação, ativistas sociais e comunidade estudantil para analisar e debater as principais dinâmicas territoriais que reconfiguram a Amazônia, que impactam nos direitos humanos e na educação pública.

“A Amazônia tem muitas territorialidades, muitas formas de como as pessoas vivem, pensam e projetam seus territórios. Toda essa diversidade é um ponto positivo, no sentido de estarmos em uma região em que podemos conviver com as diferenças e com a pluralidade étnico-cultural, mas isso é conflituoso, e queremos discutir porquê alguns grupos não querem que essa pluralidade e diversidade, que é uma estética, permaneçam”, afirma o coordenador do evento, professor Ricardo Gilson.

O professor lembra ainda que é papel da Universidade promover o debate e chamar os sujeitos sociais envolvidos nessas questões para participar das discussões. “O mundo está discutindo a Amazônia em diversos eventos, principalmente nas questões ambientais e na variação climática, e nós, que conhecemos e pesquisamos essa região, devemos participar do debate. As universidades precisam se mobilizar e se alinhar aos sujeitos sociais desse território na luta pela defesa da natureza, dos direitos humanos, civis e dos povos originários”, conclui.

Outra dimensão importante da Amazônia que precisa ser considerada nacionalmente são as distâncias. Para participar do evento, a professora Eubia Rodrigues, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), e mais dois orientandos percorreram 36 horas de barco, saindo do munícipio de Tefé (AM), para chegar até Manaus e só então pegar voo para Porto Velho.

“A logística é realmente muito complexa porque Tefé só tem comunicação com o restante do mundo via fluvial ou aérea”, disse Eubia mencionando que a distância e os custos dificultam a movimentação com os alunos para participação de eventos em outros centros, mas também “não são obstáculos tão grandes quando a gente quer realmente participar e mostrar o que estamos desenvolvendo na nossa cidade”. Segundo a professora, que cursou doutorado em Geografia na UNIR, a expectativa de encontrar outros pesquisadores, conhecer novas realidades e, quem sabe, aspirar a uma vaga nos programas de pós-graduação também os move.

O simpósio é aberto ao público em geral, e as inscrições para ouvintes (com certificação) seguem abertas até dia 04/08, na página do evento: https://www.even3.com.br/simposio-territorialidades-amazonicas/.

Conferência de abertura

A abertura do simpósio foi realizada na tarde de quarta-feira (2), com uma mesa composta por representes das entidades envolvidas na organização do evento, seguida da conferência sobre Territorialidades dos Povos Amazônicos: Lutas Sociais e Direitos Territoriais, proferida pelo professor João Santos Nahum (UFPA).

Conforme o professor Nahum, há determinadas pautas de luta sobre questões agrárias e territoriais que permanecem importantes para as comunidades tradicionais da Amazônia ao longo dos anos, mas há também novas pautas e maneiras de travar essa luta, sendo necessário, para isso, entender a relação entre territorialidade, direito e justiça. “Nosso grande desafio hoje é a necessidade de termos um território com territorialidade, ou seja, desenhado de acordo com as necessidades das pessoas que vivem nele e não a partir de comandos que surgem de fora para dentro”, observa o pesquisador.

Programação

Entre os temas das demais mesas de diálogos, compostas por pesquisadores da UNIR, UFPA, UFAM, UFAC, Seduc/RO e ativistas sociais (indígenas, extrativistas e camponeses), estão: os povos amazônicos e suas lutas sociais por direitos territoriais; as possibilidades teóricas e práticas para a melhoria da Educação na Amazônia; e as questões agrárias e os conflitos territoriais.

Na programação (acesse aqui) há também apresentações de trabalhos e apresentações culturais. O encerramento do simpósio será na sexta-feira (04/08), às 17h30, com o lançamento do livro “Territorialidades e Educação Geográfica na Amazônia”, de autoria dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Gestão do Território e Geografia Agrária da Amazônia (GTGA) da UNIR, que promove o evento. Após o lançamento, a obra será disponibilizada para download no site do GTGA: https://gtga.unir.br/homepage.

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