Publicado em: 08/01/2025 13:09:55
Meirilane Xavier da Silva, do curso de Ciências Sociais, marca história na UNIR ao defender monografia sobre inclusão
No último dia 20 de dezembro de 2024, a Universidade Federal de Rondônia (UNIR) foi palco de mais um momento histórico e inspirador para a instituição e toda a comunidade acadêmica. Meirilane Xavier da Silva tornou-se a primeira aluna do curso de Ciências Sociais com paralisia cerebral a defender o TCC - Trabalho de Conclusão de Curso.
Intitulado “Inclusão de estudantes com paralisia cerebral no ensino básico no município de Porto Velho-RO”, o tema do trabalho foi motivado pela experiência pessoal da discente, que desde pequena enfrentou diversas barreiras e dificuldades de acesso à educação.
O trabalho, orientado pela professora Barby de Bittencourt Martins, foi avaliado e aprovado pela banca composta pelos professores Maria Berenice Alho da Costa Tourinho, Vinicius Valentin Raduan Miguel e Costantino Nicolizas.
“A educação não foi feita para poucos. Foi feita para todos. Eu queria provar isso, e hoje eu provei,” disse Meirilane, arrancando aplausos calorosos ao final de sua apresentação.
Para o futuro, ela afirma que pretende atuar na elaboração de políticas públicas efetivas de inclusão de pessoas com deficiência na educação básica.
Superação como ponto de partida
Nascida em Porto Velho, Meirilane sempre soube que o caminho até o ensino superior seria mais longo para ela. Diagnósticos médicos e barreiras sociais dificultaram sua jornada desde o ensino básico, mas ela transformou os obstáculos em motivação.
Diagnosticada com paralisia cerebral aos três meses de idade, Meirilane, atualmente com 31 anos, lembra que sua inserção na educação básica foi dificultada pela recusa de algumas escolas e pela falta de estrutura adequada de outras.
“Essa foi a minha principal motivação para escolha do tema do trabalho, e também porque, diferente de outras deficiências, a paralisia cerebral não era muito abordada nas discussões”, explica.
Na universidade, ela afirma que contou com o apoio e compreensão dos professores e com a colaboração de colegas, principalmente durante as dificuldades impostas pela pandemia.
A acadêmica também foi bolsista do Pibic por dois anos, sendo orientada pela professora Barby Martins e investigando sobre políticas públicas de combate à pobreza.
Uma pesquisa que ecoa mudanças
O estudo de Meirilane mapeia a situação da inclusão escolar para alunos com paralisia cerebral na capital, revelando não só os avanços conquistados, mas também os desafios que persistem. Faltam profissionais capacitados, materiais adaptados, estrutura física adequada para pessoas com mobilidade reduzida e uma rede de apoio integrada.
“Se queremos igualdade, precisamos começar na base, no acesso à educação" enfatizou a professora Barby Martins, orientadora que acompanhou de perto cada etapa da pesquisa.
Já a professora Berenice Tourinho, membro da banca avaliadora, destacou o impacto social do trabalho: “O estudo de Meirilane não é apenas um diagnóstico, é uma proposta de mudança e um convite à responsabilidade para toda a sociedade.”
O trabalho de Meirilane vai além da teoria. Para o professor Vinicius Miguel, que também integrou a banca, trata-se de um manifesto por políticas públicas eficazes e sensíveis às reais necessidades das pessoas com deficiência. “Meiry provou que inclusão não é utopia. É compromisso. Sua conquista é um lembrete de que ainda temos muito a fazer, mas também de que estamos no caminho certo,” afirmou.
Inspiração
Ao final da defesa, Meirilane Xavier da Silva, que ingressou na UNIR pelo sistema de cotas, deixou uma mensagem que ecoa como legado: “Eu não sou exceção. Eu sou prova de que a inclusão é possível quando deixamos de enxergar a deficiência e começamos a enxergar as pessoas.”
Seu trabalho agora seguirá como referência para pesquisadores, educadores e formuladores de políticas públicas. Também como inspiração para outros estudantes com deficiência que sonham em ocupar os bancos das universidades.
A Universidade Federal de Rondônia comemora este capítulo de transformação social e a conquista de Meirilane reforça o compromisso da UNIR com a inclusão e a equidade. Mais do que um título, sua defesa simboliza um passo em direção a uma sociedade mais justa e acessível.