Publicado em: 19/01/2023 19:02:11
No encontro o presidente Lula apontou o compromisso com a autonomia universitária e a retomada de programas
A superação do obscurantismo, a oferta de uma educação atenta às mudanças no mundo do trabalho, a ampliação de programas de acesso às Universidades, a garantia da autonomia das universidades e a realização de encontros anuais para ouvir as demandas das universidades. Estas foram as principais ações anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião realizada com reitores de universidades e institutos federais de ensino na manhã desta quinta-feira, 19, no Palácio do Planalto.
A reitora da UNIR, professora Marcele Pereira, esteve no encontro e destacou especialmente a retomado do protagonismo das Universidades como o mais importante neste início da nova gestão Governo Federal, para quem a retomada do tratamento respeitoso e do diálogo entre o governo federal e as Universidades tem sido a principal marca nas últimas semanas.
“O desgaste das Universidades ao longo dos últimos anos traz agora a necessidade de avançar na recuperação das instituições, ao mesmo tempo em que os diálogos com a sociedade precisam ser ampliados. E isso é especialmente importante para a UNIR, no momento em que estamos voltando a nos colocar como protagonistas em Rondônia e no cenário mais amplo, junto com as demais universidades brasileiras”, disse a reitora logo depois do encontro com o presidente da República.
Universidades a serviço do país
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a importância da retomada do encontro logo no primeiro mês de gestão. “Essa geração de reitores e reitoras – e creio que parte da geração anterior –não sabe o que isso significa, porque nunca experimentou uma reunião com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Tenho certeza de que é um gesto carregado de simbologia”, afirmou.
Ricardo Fonseca fez ainda um resgate das dificuldades enfrentadas pelas universidades e institutos ao longo dos quatro anos de governo Bolsonaro. “Nossas universidades federais foram maltratadas, detratadas e esganadas orçamentariamente. Fomos colocados como alvo e, pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é estar a serviço do Brasil nos projetos de desenvolvimento nacional”, lembrou.
O presidente da Andifes falou ainda da disposição de as universidades e institutos retomarem seu papel, destacando que as instituições querem “apresentar a esse governo sua firme disposição de estar a serviço do Brasil a partir de agora. Nós sabemos que o berço da produção de ciência e tecnologia são as universidades públicas brasileiras, e sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento, não há soberania, não há civilidade”.
O dirigente lembrou ainda a atuação das universidades na defesa da democracia e reforçou a importância de contribuírem em diferentes esferas. “Queremos nos colocar a serviço dos projetos estratégicos do Brasil, nas áreas de meio ambiente, energia limpa, reindustrialização e educação, para acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino, porque as universidades entendem que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos”, completou.
Ações prioritárias
A reunião no Palácio do Planalto contou com a presença dos ministros da Educação, Camilo Santana; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo; e da Casa Civil, Rui Costa, além de representantes de órgãos como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Durante o encontro, um dos pontos ressaltados pelo presidente Lula foi a importância da participação das universidades para, junto com empresários, sindicatos e governo, contribuírem para a inserção das pessoas no mercado de trabalho, e citou a falta de qualificação de trabalhadores para ocupar funções que exigem conhecimento em tecnologia. Ele também apontou necessidade de discussão sobre a escolha dos cursos prioritários para o país.
O presidente defendeu a ampliação de programas para abrir as portas da universidade e criar oportunidades para a população mais pobre, e ainda destacou que, durante todo seu mandato, a autonomia das universidades será garantida, e que fará reuniões anuais para alinhar os compromissos.
O ministro Camilo Santana reforçou que o Ministério da Educação voltará a dialogar com todos os atores do setor e vai retomar a valorização e respeito pelo ensino superior no país. Entre os desafios citados pelo ministro está a ampliação da oferta de vagas, o combate à evasão, a retomada de obras paradas e o reajuste de bolsas. Segundo o ministro, o reajuste nos valores das bolsas da Capes e do CNPq já foi autorizado pelo presidente e deve ser anunciado até o final deste mês de Janeiro. As bolsas são oferecidas para pesquisadores e, desde 2013, não recebem reajuste.